Sexta, 20 Julho 2012 11:19

38% dos alunos não sabem ler e escrever

Pesquisa feita pelo Instituto Paulo Montenegro em parceria com a ONG
Ação Educativa avaliou os níveis de alfabetização da população de 15 a
64 anos no País. Para especialistas, indicador reflete o rápido
crescimento de universidades de baixa qualidade.
Entre os estudantes do ensino superior, 38% não dominam habilidades
básicas de leitura e escrita, segundo o Indicador de Alfabetismo
Funcional (Inaf), divulgado pelo Instituto Paulo Montenegro (IPM) e
pela ONG Ação Educativa. O indicador reflete o expressivo crescimento
de universidades de baixa qualidade.
Criado em 2001, o Inaf é realizado por meio de entrevista e teste
cognitivo aplicado em uma amostra nacional de duas mil pessoas entre
15 e 64 anos. Elas respondem a 38 perguntas relacionadas ao cotidiano,
como, por exemplo, sobre o itinerário de um ônibus ou o cálculo do
desconto de um produto.
O indicador classifica os avaliados em quatro níveis diferentes de
alfabetização: plena, básica, rudimentar e analfabetismo. Aqueles que
não atingem o nível pleno são considerados analfabetos funcionais, ou
seja, são capazes de ler e escrever, mas não conseguem interpretar e
associar informações.
Segundo a diretora executiva do IPM, Ana Lúcia Lima, os dados da
pesquisa reforçam a necessidade de investimentos na qualidade do
ensino, pois o aumento da escolarização não foi suficiente para
assegurar aos alunos o domínio de habilidades básicas de leitura e
escrita. "A primeira preocupação foi com a quantidade, com a inclusão
de mais alunos nas escolas", diz Ana Lúcia. "Porém, o relatório mostra
que já passou da hora de se investir em qualidade."
Segundo dados do IBGE e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(Pnad), cerca de 30 milhões de estudantes ingressaram nos ensinos
médio e superior entre 2000 e 2009. Para a diretora do IPM, o aumento
foi bom, pois possibilitou a difusão da educação em vários estratos da
sociedade. No entanto, a qualidade do ensino caiu por conta do
crescimento acelerado. "Algumas universidades só pegam a nata e as
outras se adaptaram ao público menos qualificado por uma questão de
sobrevivência", comenta. "Se houvesse demanda por conteúdos mais
sofisticados, elas se adaptariam da mesma forma."
Para a coordenadora geral da Ação Educativa, Vera Masagão, o
indicativo reflete a "popularização" do ensino superior sem qualidade.
"No mundo ideal, qualquer pessoa com uma boa 8ª série deveria ser
capaz de ler e entender um texto ou fazer problemas com porcentagem,
mas no Brasil ainda estamos longe disso."
Segundo Vera, o número de analfabetos só vai diminuir quando houver
programas que estimulem a educação como trampolim para uma maior
geração de renda e crescimento profissional. "Existem muitos empregos
em que o adulto passa a maior parte da vida sem ler nem escrever, e
isso prejudica a procura pela alfabetização", afirma.
Jovens e adultos - Entre as pessoas de 50 a 64 anos, o índice de
analfabetismo funcional é ainda maior, atingindo 52%. De acordo com o
cientista social Bruno Santa Clara Novelli, consultor da organização
Alfabetização Solidária (AlfaSol), isso ocorre porque, quando essas
pessoas estavam em idade escolar, a oferta de ensino era ainda menor.
"Essa faixa etária não esteve na escola e, depois, a oportunidade e o
estímulo para voltar e completar escolaridade não ocorreram na
amplitude necessária", diz o especialista.
Ele observa que a solução para esse grupo, que seria a Educação de
Jovens e Adultos (EJA), ainda tem uma oferta baixa no País. Ele cita
que, levando em conta os 60 milhões de brasileiros que deixaram de
completar o ensino fundamental de acordo com dados do Censo 2010, a
oferta de vagas em EJA não chega a 5% da necessidade nacional.
"A EJA tem papel fundamental. É uma modalidade de ensino que precisa
ser garantida na medida em que os indicadores revelam essa
necessidade", diz Novelli. Ele destaca que o investimento deve ser não
só na ampliação das vagas, mas no estímulo para que esse público volte
a estudar. Segundo ele, atualmente só as pessoas "que querem muito e
têm muita força de vontade" acabam retornando para a escola.
Ele cita como conquista da EJA nos últimos dez anos o fato de ela ter
passado a ser reconhecida e financiada pelo Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). "Considerar que a EJA
está contemplada no fundo que compõe o orçamento para a educação é uma
grande conquista."
(O Estado de São Paulo)

Pesquisa feita pelo Instituto Paulo Montenegro em parceria com a ONG  Ação Educativa avaliou os níveis de alfabetização da população de 15 a  64 anos no País. Para especialistas, indicador reflete o rápido  crescimento de universidades de baixa qualidade.
Entre os estudantes do ensino superior, 38% não dominam habilidades  básicas de leitura e escrita, segundo o Indicador de Alfabetismo  Funcional (Inaf), divulgado pelo Instituto Paulo Montenegro (IPM) e  pela ONG Ação Educativa. O indicador reflete o expressivo crescimento  de universidades de baixa qualidade.

Criado em 2001, o Inaf é realizado por meio de entrevista e teste  cognitivo aplicado em uma amostra nacional de duas mil pessoas entre  15 e 64 anos. Elas respondem a 38 perguntas relacionadas ao cotidiano,  como, por exemplo, sobre o itinerário de um ônibus ou o cálculo do  desconto de um produto.

O indicador classifica os avaliados em quatro níveis diferentes de  alfabetização: plena, básica, rudimentar e analfabetismo. Aqueles que  não atingem o nível pleno são considerados analfabetos funcionais, ou  seja, são capazes de ler e escrever, mas não conseguem interpretar e  associar informações.

Segundo a diretora executiva do IPM, Ana Lúcia Lima, os dados da  pesquisa reforçam a necessidade de investimentos na qualidade do  ensino, pois o aumento da escolarização não foi suficiente para  assegurar aos alunos o domínio de habilidades básicas de leitura e  escrita. "A primeira preocupação foi com a quantidade, com a inclusão  de mais alunos nas escolas", diz Ana Lúcia. "Porém, o relatório mostra  que já passou da hora de se investir em qualidade."

Segundo dados do IBGE e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios  (Pnad), cerca de 30 milhões de estudantes ingressaram nos ensinos  médio e superior entre 2000 e 2009. Para a diretora do IPM, o aumento  foi bom, pois possibilitou a difusão da educação em vários estratos da  sociedade. No entanto, a qualidade do ensino caiu por conta do  crescimento acelerado. "Algumas universidades só pegam a nata e as  outras se adaptaram ao público menos qualificado por uma questão de  sobrevivência", comenta. "Se houvesse demanda por conteúdos mais  sofisticados, elas se adaptariam da mesma forma."

Para a coordenadora geral da Ação Educativa, Vera Masagão, o  indicativo reflete a "popularização" do ensino superior sem qualidade.  "No mundo ideal, qualquer pessoa com uma boa 8ª série deveria ser  capaz de ler e entender um texto ou fazer problemas com porcentagem,  mas no Brasil ainda estamos longe disso."

Segundo Vera, o número de analfabetos só vai diminuir quando houver  programas que estimulem a educação como trampolim para uma maior  geração de renda e crescimento profissional. "Existem muitos empregos  em que o adulto passa a maior parte da vida sem ler nem escrever, e  isso prejudica a procura pela alfabetização", afirma.

Jovens e adultos - Entre as pessoas de 50 a 64 anos, o índice de  analfabetismo funcional é ainda maior, atingindo 52%. De acordo com o  cientista social Bruno Santa Clara Novelli, consultor da organização  Alfabetização Solidária (AlfaSol), isso ocorre porque, quando essas  pessoas estavam em idade escolar, a oferta de ensino era ainda menor.  "Essa faixa etária não esteve na escola e, depois, a oportunidade e o  estímulo para voltar e completar escolaridade não ocorreram na  amplitude necessária", diz o especialista.

Ele observa que a solução para esse grupo, que seria a Educação de  Jovens e Adultos (EJA), ainda tem uma oferta baixa no País. Ele cita  que, levando em conta os 60 milhões de brasileiros que deixaram de  completar o ensino fundamental de acordo com dados do Censo 2010, a  oferta de vagas em EJA não chega a 5% da necessidade nacional.

"A EJA tem papel fundamental. É uma modalidade de ensino que precisa  ser garantida na medida em que os indicadores revelam essa  necessidade", diz Novelli. Ele destaca que o investimento deve ser não  só na ampliação das vagas, mas no estímulo para que esse público volte  a estudar. Segundo ele, atualmente só as pessoas "que querem muito e  têm muita força de vontade" acabam retornando para a escola.

Ele cita como conquista da EJA nos últimos dez anos o fato de ela ter  passado a ser reconhecida e financiada pelo Fundo de Manutenção e  Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). "Considerar que a EJA  está contemplada no fundo que compõe o orçamento para a educação é uma  grande conquista."

(O Estado de São Paulo)