Sábado, 15 Março 2008 10:22

CIDADÃ HONORÁRIA DE BRASÍLIA

Discurso proferido pela presidente da ABDF, bibliotecária Iza Antunes Araújo ao receber o Título de Cidadã Honorária de Brasília, no dia 12 de março, Dia do Bibliotecário, conferido pela Câmara Legislativa de Brasília por seu trabalho como voluntária no Projeto Bibliotecas Casa do Saber 

Excelentíssimo Senhor Deputado Milton Barbosa

Colegas bibliotecários

Queridos amigos e família

Senhoras e Senhores
 
Bom dia!

Estou muito honrada em receber desta Câmara Legislativa o diploma de Cidadã Honorária de Brasília.

E minhas primeiras palavras são de agradecimento ao deputado Milton Barbosa pela sensibilidade em propor o nome de uma bibliotecária para tal honraria.

Agradeço ainda a todos que se envolveram e trabalharam para este evento. Muito obrigada.

Em Brasília aprendi a trabalhar como voluntária.

Brasília me deu a oportunidade de participar e trabalhar como voluntária num movimento associativo dos mais dinâmicos e conhecer colegas bibliotecários que são exemplos de competência, bons serviços prestados à cidade, e senso do bem comum. Como Aníbal Rodrigues Coelho labutando no associativismo bibliotecário na Associação dos Bibliotecários do Distrito Federal e no associativismo no Núcleo Rural Casa Grande, Maria da Conceição Moreira Salles, bibliotecária que dirigi a Biblioteca Demonstrativa de Brasília e Neusa Dourado, que implantou em Brasília, um dos mais bem sucedidos projetos de incentivo a leitura e acesso ao livro através da Mala do Livro. São bibliotecários que dignificam a profissão e que tenho como amigos e exemplos. Merecedores de todo reconhecimento da comunidade brasiliense.

Tenho consciência de que Brasília tem me dado muito mais do que eu a ela. Aqui criei meus filhos, Andréa e Marcelo, com qualidade de vida, ganhei dois netos brasilienses, Daniel e Suzana. Fiz amigos especiais. Concretizei o sonho de qualquer profissional: trabalho, respeito e reconhecimento.  Sou muito feliz em Brasília. Brasília é a cidade do meu coração. 

A minha crença da importância da biblioteca pública no dia-a-dia das comunidades, me fez unir forças com a iniciativa privada.

Trabalhar no projeto, hoje realidade, Bibliotecas Casa do Saber foi um diferencial para minha carreira de bibliotecária. Nesta caminhada liderada pelo empreendedor Sr. Antonio Matias diretor da Rede Gasol, e demais parceiros que se uniram ao projeto, como o Sesc representado por Regina Caetano, a Fundação CDL com Jane Lemes, a Federação das Associações Comerciais do Distrito Federal e Entorno com a amiga Carmen Gramacho, com a Tv Record sempre presente documentando as inaugurações das bibliotecas.

Não posso deixar de registrar a presença maciça de colegas de profissão que atenderam ao chamado do Sr. Élson Cascão Filho, também diretor da Rede Gasol.

Lembro com alegria o dia em que nas dependências da Gasol no Setor de Indústria e Abastecimento reuniram-se mais de 30 pessoas entre bibliotecários e auxiliares, vindos da Biblioteca do Senado Federal, da Mala do Livro, da Biblioteca Demonstrativa de Brasília, da Biblioteca do Ministério do Planejamento, do Sesc, bibliotecários aposentados e funcionários da Gasol, para realizar a triagem dos livros nas montanhas que se acumulavam num imenso salão.

Mais de 400.000 livros foram arrecadados pela Campanha através dos postos de gasolina da Rede Gasol. O povo de Brasília é solidário. Era preciso selecionar todo esse material para depois distribuí-lo.

Identificar os locais era o segundo passo para poder então montar ou revitalizar bibliotecas. Não fosse a presença dos bibliotecários apoiados pela eficiente e dedicada equipe da Rede Gasol essa tarefa não poderia ter sido executada.

O Projeto Bibliotecas Casa do Saber foi mais longe. Além dos livros, pintou paredes, trocou lâmpadas, construiu uma biblioteca na Escola Classe do Varjão, comprou computadores, impressoras, mesas, cadeiras, estantes, consertou banheiros. E, também capacitou 31 pessoas, que já trabalhavam nas bibliotecas, oferecendo um curso de auxiliar de biblioteca, que foi ministrado pela Associação dos Bibliotecários do Distrito Federal. Foram treinadas e orientadas por bibliotecários para executar tarefas típicas do auxiliar de biblioteca no atendimento ao usuário. Entre elas a auxiliar de biblioteca Simone, que foi contratada pela Rede Gasol para atender na biblioteca de mais de 8000 livros que está à disposição dos funcionários da empresa.

Até o momento o projeto beneficiou 21 bibliotecas em Brasília e no Entorno.

Meu amor por minha profissão de bibliotecária, a consciência de que trabalhei modestamente para dignificar minha profissão, o orgulho que tenho em pertencer a classe de bibliotecários brasilienses, a certeza de que a biblioteca tem força para mudar a realidade social, econômica e cultural de uma comunidade me dá animo e forças.

Hoje trabalhando como voluntária no projeto Bibliotecas Casa do Saber, posso dizer que é indescritível o carinho, satisfação, alegria e o agradecimento das comunidades beneficiadas.

Pessoas simples, que precisam de um lugar para ler, fazer seus exercícios escolares, estudar para concurso, para vestibular, e, até para programas do MEC e da UnB, levam livros emprestados.

Também livros de lazer para leitura nas suas casas, no metrô e nos parques. Muitos precisam do espaço das bibliotecas para poder estudar melhor. A Biblioteca tem a finalidade também de reunir pessoas para discutir temas ligados a sua área de interesse. É o local adequado onde devem ser estimuladas a buscar a informação.

É na biblioteca que muitas vezes, o usuário tem contato pela primeira vez com o computador que é hoje outra grande ferramenta na busca de informação via Internet.

Sentir que somos úteis, que podemos fazer a diferença vale mais que qualquer remuneração financeira, eu lhes asseguro.

É incontestável a importância e a necessidade das bibliotecas na formação das nossas crianças e jovens.

Sendo assim é preciso que a Secretaria de Estado de Educação e a Secretaria de Estado de Cultura do Governo do Distrito Federal façam a sua parte contratando bibliotecários e qualificando auxiliares para que cada dia mais, as bibliotecas públicas e escolares cumpram seu verdadeiro papel na sociedade que é disseminar a informação corretamente.

Havendo união entre poder público e iniciativa privada, tenham certeza que Brasília terá boas bibliotecas e um ambiente social mais desenvolvido.

Agradeço imensamente esta honraria e posso assegurar-lhes não vivi em vão meus 45 anos de bibliotecária que sonhava e sonha ainda, com um país mais justo e mais qualificado profissionalmente.

Colegas bibliotecários! Temos que nos orgulhar da nossa profissão. Administramos a maior riqueza da humanidade, o saber. Contribuímos para transformar a informação em conhecimento. E ainda localizamos a informação para aqueles que dela necessitam.

Salve os bibliotecários no seu Dia, 12 de março!

Muito obrigada!